segunda-feira, 21 de julho de 2008

Semi Balzaquiana


para Vó

Chegar perto dos 30 é e não é
Incrível como esse bando de coisas de se tornar balzaquiana pesa e não pesa
Há um ano atrás a terceira idade assoprava meu ouvido frases duras

Lembra que querias ser mãe aos vinte e poucos? Te lembra que querias ter viajado jovem mundo afora? E aquela vez que ias sair de vez de casa? E quando sonhaste construir um lar com Juninho?
Depois o sonho de amar novamente Paulinho?
E a ascensão profissional? Viver do esporte...Fazer da vida arte-poesia

Reviver a infância
Olhar teu pai tua mãe sorrindo na fotografia
E o quadro da dor? E os filhos que nem vieram onde ficam?

As perguntas soam semi suaves e as respostas perambulam...incessantemente

Mas os aniversários! As primaveras que não calam nunca! Todo ano a mesma coisa!
Teimam vir lembrando que muitas coisas ficam para trás

Mas e a experiência?
Minha avó me ensinou que o tempo é o senhor de todos os tempos
e é capaz de colorir a vida em giz de cêra
E que os cabelos brancos podem nem vir aos 70...
quando se é jovem

Minha avó me ensinou que apertar a bolsa de agua quente sobre o peito é aquecer a alma
por debaixo da saia rodada que faz o mundo girar...

Quando eu era adolescente achava que o homem ia tirar férias na lua no ano 2000
E que, fechados os trinta, eu teria meu endereço, meu marido e meu filho já ia estar na escola

Mas o mundo é realmente dinâmico
E o porta retrato caminha sempre quando a noite cai

Hoje cada dia é um dia a menos para se chegar na idade redonda
Sem filhos mas com endereço que ainda não sei bem o Cep
Seja onde for meu coração bate
E junto dele bate outro que sussurra e grita ser minha metade...

Dessas metades que são inteiras.

Assim fica tão bonito chegar aos trinta

Minha avó tem razão
A vida tem cor de giz de cêra verde...