segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Poeta não se interpreta.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

domingo, 14 de outubro de 2007

Columbia Pictures Presents

Libertad!

A cena da revolução
me mastiga neurônios

Viver com segurança
ajoelhados sob o corpo do vizinho

Por um copo d´água
os miolhos fritos servidos à mesa
alimentam famílias que se despedem
porque podem não voltar

A cena da revolução é limpa
Chorar pelo sangue derramado
sentadas bundas gordas nas cadeiras do senado

O giro da máquina capitalista bate plim
A cena da revolução é clara.

Adolescer




Eu gosto de sentir o cheiro das outras primaveras.

O teu, especialmente, teima vir com um vento ou outro lembrando minha máscara perdida.

Como segue doce teu cheiro...

Tão suave me faz procurá-lo no instante em que o sinto. Desparece.

Vez que outra no caminho de casa ou nos corredores do prédio enquanto levo meu trabalho a sério.

Meu Deus! Como te levei a sério...

Teu cheiro as vezes entra no elevador com qualquer outro alguém que não me chama a atenção. Sobe comigo e desce...e vai.

Se foi.

Vem e vai teu perfume doce e me faz adolescer efervescente. Rapidamente evapora.

Teu cheiro é volátil e me explode como explodiam aquelas primaveras em nós.

Teu cheiro é vivo e beija meus lábios e rouba beijos meus em público.

Ninguém vê. Eu sinto.

Teu cheiro não fica mais na minha pele como ficava depois que deitava sobre mim...

Teu cheiro.

Como pode teu cheiro de menino ainda me encontrar?

Que venham as primaveras.

Teu cheiro...

É puro desatino.

Primavera de 96


segunda-feira, 1 de outubro de 2007


Negue!

Negue minha ausência tua amada,
filho da lua,
de tantas amadas.

Diga da palavra na palavra:
fome,
vontade,
desejo.

Esqueça!
Os demônios. A graça. O beijo. A boca molhada.
Todos voltam pra casa.

Ardem:
boca,
beijo,
pranto!


Pise longe sempre.
Secam, pois...

Passa!
Amor por amor, como palavra é palavra.

Brincadeira?
Bons modos?
Longe...
Esqueça o altar.


Esqueça!

Diga que ao coração pertenceu, não diga dos gostos e dos desgostos. Morrem bom senso e bom gosto.
Negue dos que não têm fome, amor, pranto e covardia. E da bandeira faça...que tudo passa.



Pensando.
Sofrendo.
Boca e beijo...Graça.


Meu Deus! Sabia que ainda te amo? -acrescentou.
É. suspeitei.
Tudo passa...e como a palavra na palavra que não está em mim...

Todos os demônios voltam pra casa.

Foto: Champain- Paula Gastaud